Por Carlos Massari
Existem filmes que são impecáveis, com sintonia perfeita entre direção, roteiro, elenco, trilha sonora e outras partes. São filmes que costumam nos deixar por muito tempo felizes pelo simples fato de ter contemplado aquela obra-prima. `Veludo Azul` é um desses casos, trazendo uma direção arrebatadora de David Lynch, jogada por cima de um roteiro visceral e apreensivo, que resgata o clima noir do lixo que o envolve a tempo.
Esse suspense é de fazer inveja em Alfred Hitchcock, que deve ter aplaudido de pé quando viu. A história já tem um clima tenso ao extremo: Em uma cidade pequena e pacata, Jeffrey, um jovem estudante, acha uma orelha em um campo perto de sua casa. Então, ele resolve se envolver no caso, junto com a filha de um detetive. Então, entra na trama Dorothy, uma cantora de cabaré, a mulher mais desejada da cidade, que, por sua vez, é sadomasoquista, e guarda muitos segredos familiares. Junto com ela, entra as ligações de Frank, um traficante de drogas muito perigoso, que tem um caso com Dorothy. A partir desses quatro personagens básicos, a história começa a girar, e tecer uma rede de intrigas cada vez maior, e, o melhor de tudo, isso é feito com sutileza. Embora a trama seja um pouco pesada, o filme não se revela dessa maneira. Graças a direção espetacular de David Lynch.
Os detalhes apresentados, e os closes são sempre precisos, a câmera sempre focaliza de um ângulo inusitado, que a grande maioria dos espectadores não está acostumada a ver. É um estilo próprio de Lynch, que hoje já vem fazendo escola e ganhando mais adeptos. Só para se ter uma idéia, há cenas em que Lynch mostra o desfecho de alguma coisa, ou uma discussão ou briga, através da parede, mostrando as sombras dos personagens. Também há uma passagem que é mostrada sob a vista de dentro de um armário, na qual o personagem principal, Jeffrey, está dentro do armário da casa de Dorothy, observando atentamente as relações entre a dançarina e o traficante Frank. Esses padrões são anti-tradicionalistas para Hollywood, por isso Lynch nunca vez sucesso lá. E o diretor também escreveu o genial roteiro do filme. Quer dizer, tem o mesmo grau de maestria da direção. A rede de intrigas é intacta, não tem nem sombra de furo, o que deixa ua trama que, aparentemente é tão complicada, como uma coisa fácil de acompanhar. Além disso, tudo o que é apresentado tem seu lugar para ajudar a desenvolver a história. Acredito que, quando Lynch escreveu o filme, tinha como preocupação fugir dos clichês batidos do gênero. Tanto que tudo é original para a época em que o filme foi lançado, o romance ainda cola, e os personagens tem vida, ao contrário da situação capenga do cinema atual. A trilha sonora também tem ótimos momentos, a musiva `Blue Velvet`, que toca em boa parte do filme tem um impacto forte, e muita ligação com a história. Tanto que dá nome ao filme.
Já o elenco tem nomes fortíssimos, como Kyle Maclachilan, que na época em que o filme foi feito não era muito famoso. Assim como todos que tem um papel forte, ajudados pela complexidade que o roteiro dá aos personagens, Kyle está perfeito em cena. Transmite medo e apreensão ao espectador, e com muito carisma. Já Isabella Rosselini (Dizem que se separou do diretor David Lynch por cupla de um close em sua celullite) Dennis Hopper e Laura Dern também cumprem sues papéis, formando uma esquadra com total sintonia em cena. Ainda não se convenceu da força de `Veludo Azul`? Então saiba que não há sustos artificiais, e sim uma sub-trama policial bem montada, que pode servir de pano de fundo para críticas contra o sistema. Saiba que há um romance não-piegas, mas com facilidade para emocionar o espectador. Melhor que isso, só assistindo o filme, já que hoje em dia, está cada vez mais difícil ver filmes com esse nível fantástico.
QUARTA - 01/12/2010 - 19h ANFITEATRO JOÃO CARRIÇO
Meu amigo, parabéns por sua postagem, esse filme é um dos melhores que já vi em minha vida, faz parte da minha lista de "Alta fidelidade". Parabéns por sua postagem, aguardo todos vocês lá no Escrivaninha, ok.
ResponderExcluirForte abraço e até aproxima.