segunda-feira, 24 de outubro de 2011

A Idade da Terra


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MOSTRA GLAUBER SEM PAREDES

O Cineclube Bordel sem Paredes, tem o orgulho de apresentar a mostra "Glauber sem Paredes", para celebrar um dos personagens mais intrigantes da história brasileira recente. O cineasta Glauber Rocha, trinta anos após sua morte continua a provocar reflexões sobre o cinema, tanto pela qualidade e inovação, quanto pelas propostas revolucionárias que se mantém atuais. A mostra começa nesta quinta-feira com o filme "A Idade da Terra" as 19 horas no Anfiteatro João Carriço com entrada franca. 

A mostra segue no dia 03/11, com a exibição dos principais curtas-metragens produzidos pelo cineasta: "Di Glauber" filme polêmico filmado no funeral do pintor modernista Di Cavalcanti, "Maranhão 66" produzido durante a campanha eleitoral de José Sarney ao governo do Maranhão, "Jorjamado no Cinema" sobre o escritor baiano e "O Pátio" primeiro filme experimental do cineasta.  No dia 10/11 a participação de Glauber Rocha no Programa Abertura da TV Tupi, será exibida em imagens inéditas e raras e pra finalizar "Barravento", primeiro longa-metragem de Glauber Rocha será exibido no dia 17/11, todos no Anfiteatro João Carriço, sempre as 19 horas. 

Dono de uma produção extensa e singular, Glauber Rocha foi uma figura importantíssima dentro da história recente do país, trazendo discussões e debates acerca da arte, da cultura, da política e da sociedade. Tanto do ponto de vista estético e formal, quanto do ponto de vista da problemática social, suas obras nunca se conformaram com um padrão pré-estabelecido de criação, trazendo diversas reflexões e problematizando o cinema, a organização social brasileira e o papel do intelectual e artista dentro do processo de transformação dessa realidade.

Foi um artista atuante, que nunca parou de pensar, discutir e tentar transformar a realidade do país. Como porta-voz do Cinema Novo, Glauber Rocha influenciou cineastas latino-americanos e foi um dos precursores do conceito de mostrar na tela a realidade política, indo contra a censura, a comercialização e a exploração.

O diretor brasileiro foi capaz de lidar com a experimentação estética de vanguarda em diversos níveis – do roteiro e da fotografia ao trabalho literário com a palavra e experiências de montagem radicais – chocando com suas imagens da pobreza e da fome.


A IDADE DA TERRA - QUINTA-FEIRA - 27/10 - 19 HORAS

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"Mosaico sinfônico. A Idade da Terra se insere solidamente dentro da tradição artística latino-americana. A proposta de aprisionar o espírito de uma nacionalidade numa só obra remete direto aos muralistas mexicanos. A imagem de Rivera - ou seria Siqueiros? - em cima de uma escada, pincel na mão, diante de uma superfície imensa que reduzia a bem pouco o tamanho do artista, compondo em figuras toda a história de seu povo evoca a de Glauber Rocha envolvido anos a fio nos quilômetros de fita que ele mesmo gerou na fadiga quixotesca (ou dantesca?) de contar seu país. O exacerbamento nacionalista de sua obra, despido agora de qualquer compromisso narrativo, encontra enfim seu estado puro. Como se não existisse a dimensão do tempo "só o real é eterno” - o filmemural dispõe seus blocos de significados espacialmente, numa estrutura atonal que avança por rupturas entre a Bahia, Brasília e Rio. Nascimento de Cristo, Cristo-povo e Cristo-Rei, Cristo guerreiro e Cristo profeta, o mundo sem Cristo e por toda a parte, Brahms, o anti-Cristo. Esta parábola, em si mesmo uma sucessão de parábolas, e disposta como num quadro de batalha em que há varias ações simultâneas e o olho passeia dentro dele, ordenando-as. (...)"

Deus e o Diabo na Idade da Terra em Transe, de Gustavo Dahl
em Jornal do Brasil
Rio de Janeiro, 25/nov./1980.

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