Por Susan Sontag*
"Nenhum lamento fúnebre fará ressuscitar os extintos rituais – eróticos, devaneantes – da sala escura. A redução do cinema a imagens agressivas e a inescrupulosas manipulação de imagens (cortes cada vez mais rápidos) a fim de prender progressivamente a atenção produziram um cinema desencarnado, rarefeito, que não requer a plena atenção de ninguém. As imagens agora aparecem em qualquer tamanho e nas mais diversas superfícies: na tela de uma sala de cinema, em telas domésticas pequenas como a palma da mão ou grandes como uma parede, em paredes de casas de espetáculos e em megatelas suspensas em estádios esportivos e na parte externa de altos prédios públicos. Se a cinefilia morreu, o cinema morreu... não importa quantos filmes, mesmo bons, continuem a ser feitos. Se o cinema puder ser reestruturado, o será apenas mediante o nascimento de um novo amor ao cinema".
* Susan Sontag, “Um século de cinema” In Questão de ênfase, 2005.
Foto: Susan Sontag por Peter Hujar (1975)
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