quinta-feira, 17 de março de 2011

MOSTRA DO FILME LIVRE CHEGA À JUIZ DE FORA


A Mostra do Filme Livre uma das maiores mostras de cinema independente do Brasil chega em Juiz de Fora através da parceria do Circuito Fora do Eixo e do Cineclube Bordel Sem Paredes. A Mostra completa 10 anos apresentando o melhor da jovem produção audiovisual independente brasileira, consolidando-se como um dos eventos audiovisuais mais democráticos do Brasil.

Pioneira na arte de passar filmes de todos os formatos, gêneros, durações e épocas, misturadamente na mesma sessão, a MFL reafirma a cada ano que sua raiz e flor estão no prazer de ver e querer mostrar e pensar os vários olhares do audiovisual potencializando-os para filmes incomuns.

Até hoje a mostra já exibiu 2.300 filmes para um público superior a 33 mil pessoas. A expectativa para 2011 é atingir oito mil pessoas nas sessões no Rio de Janeiro e São Paulo e através da parceria com 58 cineclubes em 8 estados brasileiros na maior amplitude que a mostra já teve em seus 10 anos de existência.

O principal objetivo da MFL é a exibição de filmes livres e a multiplicação de olhares mais atentos ao que se tem feito “audiovisualmente” no mundo brasileiro. Por isso exibe filmes feitos em todos os suportes, formatos, de todos os gêneros e feitos em qualquer época. É um tipo de mostra única no Brasil, já que não faz restrições de espécie alguma com relação às obras inscritas. E a cada ano a curadoria define os filmes que possuem maior diferencial para serem mostrados ao povo e premiados.

Ao longo de seus 10 anos já foram homenageados na MFL cineastas como Fernando Spencer (PE), Eliseu Visconti, Luiz Rosemberg Filho, Andrea Tonacci (SP), Helena Ignez, Joel Pizzini e Sergio Ricardo, além de uma sessão especial do documentarista holandês Johan Van Der Kueken, em 2005.

"Filmes mágicos é o que queremos, que revirem o real (ou a realidade, se preferir) a fim de mostrar um movimento legal, talvez novo, de visões mais abertas do que fechadas, mais amorosas do que bonitas, filmes que respiram arte de fato no ato em que ampliam suas possibilidades de leitura", comenta Guiwhi Santos, idealizador e curador da MFL.

Dias 01,02 e 03 de Abril


Videoteca do Centro Cultural Bernardo Mascarenhas (2º andar)  - Avenida Getúlio Vargas, 200 - Centro

PROGRAMAÇÃO



Dia 01 (Sexta Feira) – 19 horas
Curtas:

Cante um Funk para um filme - 22 min
Através de faixas espalhadas pela cidade de Nova Iguaçu na Baixada Fluminense, procurando pessoas para cantar um funk para um filme, o documentário faz um registro sobre a importância subjetiva dos mais de 20 anos de funk carioca na vida das pessoas.

Diretor: Emílio Domingos e Marcus Faustini
Rio de Janeiro/2007


O último dia - 12 min
 Jeans e camisas coloridas. Quatro personagens e o momento da despedida. A melancolia pós-universidade. Querer ou não querer ser um adulto? Eis a questão. A noite cai, o álcool entra e as camisas coloridas ficam ligeiramente desbotadas. Não há mais espaço para balões de ar; é necessário estourá-los. Uma placa: alguns seguem em frente e outros viram à direita. (Raphael Fonseca) 

Diretor: Christopher Faust
Paraná/2010


Nego - 3 min
Uma homenagem ao intelectual negro mais fecundo que o Brasil conheceu, utilizando os quadrinhos como aporte visual e dramático. 

Diretor: Savio Leite e Marko Adjaric
Minas Gerais/2010


Ultimo Retrato - 9 min
Um fotógrafo, doze crianças e um único tema. 
O filme “O Último Retrato” , descreve o trabalho de um fotografo do inicio do século que dedicou a fotografar crianças mortas.
São 12 crianças entre meninos e meninas retratados em um momento único, eternizados como em uma tentativa romântica de manter a vida.


Diretor: Abelardo de Carvalho
Rio de Janeiro/2010



Ruído Negro - 15 min



Fragmentos da vida de 3 mulheres descendentes de escravos.

Diretor: Vladimir Seixas
Rio de Janeiro/2009

Longa:



Estrada para Ythaca -  70 min
 Road movie dos irmãos Pretti (Luiz e Ricardo), realizado em parceria com Guto Parente e Pedro Diógenes,Ythaca é um brinde à resistência. Resistência as possibilidades fáceis do cinema de ficção ou experimental, e uma tentativa de levar a experiência de fazer cinema independente até as últimas conseqüências, assumindo todos os riscos e precariedades que um filme de baixo orçamento poderia apresentar. Mas a invenção é mais importante que qualquer planilha orçamentária. 4 amigos saem em busca da mística ilha (?) de Ythaca, após uma noite de beberagens e cantorias (de Nelson Cavaquinho a Paralamas do Sucesso): um carro furtado é o motor de fuga (do lugar-comum), e as bebidas e comidas na viagem surgem através de licença poética. No caminho, uma fogueira comunitária serve de preparo pra comida e pretexto para contemplarmos a restinga. Céus nebulosos e pedreiras ancestrais ajudam a “contar a estória”, que aliás não existe... A estrada da trama é o pretexto para um novo caminho estético do cinema independente; uma seqüência parodia a encruzilhada de Godard (de vento do leste), apontando os caminhos do cinema do terceiro mundo e do cinema desconhecido…Um luminoso disco voador invade a tela, uma câmera no bar que balança mas não cai (salva pelo ator/diretor, em cena memorável); a lição de Ythaca: mais importante que chegar ao destino é a linda viagem. E as riquezas que se pode adquirir no caminho... (Chico Serra) 


Diretor: Guto Parente, Luiz Pretti, Pedro Diogenes, Ricardo Pretti
Ceará/2010

Dia 02 (Sábado) – 14 horas

Curtas:

A Banda - 20 min
 “ A banda é um instigante passeio silencioso pelos corpos que compõe o carnaval do Recife. Carnaval fora de época na verdade, por se tratar da parada em celebração do orgulho gay. A partir de um olhar bastante sensivel se cria uma justaposição entre o silêncio (o filme nåo tem banda sonora) e o movimento crescente, epifania digna de uma peça wagneriana. O calor salta da tela em ondas que chegam a deformar a imagem, mas o estranhamento inicial vai aos poucos se tornando imersão de rara intensidade. (Gabriel Sanna) 

Diretor: Chico Lacerda
Paraíba/2010


 Aventuras de Paulo Bruscky - 19min
  Paulo Bruscky, “inventor e fazedor de arte”, rende-se ao encanto tridimensional do Second Life. Se o artista um dia já foi tachado de “anti-artista”, o diretor desse curta poderia também ser enquadrado como “antidocumentarista”. Um curta-metragem para além das classificações. Uma experiência do homem dentro da paisagem virtual. (Raphael Fonseca)”.

Diretor: Gabriel Mascaro
Pernambuco/2010


O Assassino do Bem - 14min
 “ Se a moral e os bons costumes por vezes nos impedem de levar às ultimas consequências possíveis intolerâncias, aqui os cineastas brincam de matar alguns arquétipos dos mais cretinos que habitam nosso imaginário. Aliado ao bom humor com que tal niilismo é representado, uma colagem sonora muito bem tramada de referências diversas coletadas na internet e no inconsciente coletivo de toda uma geração dão ao filme um toque sarcástico que o torna uma das mais pontuais sátiras ao emburrecimento universal ubermidiático. (Gabriel Sanna) 


Diretor: Thiago Pedroso e Hiro Ishikawa 
São Paulo/2010


Múrmurio da Vida - 3 min
 “ A pílula que é uma pérola. Dois minutos e meio é o tempo necessário para refletir sobre a brevidade da vida. As ondas do mar, um relógio, rugas e a pele que urge por acnes. Duas das três idades do homem fitam a câmera. Um barco nos faz lembrar do inevitável processo de definhar. (Raphael Fonseca) 

Diretor: Felipe Pereira Barros
Alagoas/2009


Longa:

Mulher à Tarde - 95 min
 Filme (quase) cíclico, observacional. Três mulheres tentam passar o que será talvez seu último dias juntas, compartilhando tarefas comuns em poucos metros quadrados: uma cozinha, um corredor estreito, uma varanda com piscina (também não muito espaçosa) e seus quartos de descanso e memória. Seu tempo neste espaço é dividido em capítulos subjetivos ( “Mulher e a cor branca” , “Mulher com o sol sobre os joelhos”, “Mulher com a luz entre as mãos” … ) e suas neuroses são sutis, incrivelmente sutis, superadas pelo subjetivo conflito de idéias sobre vida, morte e memória (o longa-metragem é todo filmado com tripé e câmera parada, permitindo pausas para reflexões e estados emocionais completamente contemplativos, em belos e longos planos fixos). A sutil movimentação das personagens em campo vai além das possibilidades de uma direção convencional, dramática, e supera o desafio de um filme quase todo de interiores (a interioridade aqui acaba tendo sentido muito mais amplo que o espaço do quadro…). A fotografia é precisa e discreta, sua rigidez acaba provocando um certo distanciamento das ações cotidianas, colocando em evidência mais interrogações do que certezas. O trabalho coletivo das atrizes/personagens é orgânico, e esta intimidade cria um conforto aparente, e o filme segue entre o afeto cotidiano e os conflitos existenciais e das próprias relações de intimidade/distanciamento, dentro do espaço comum e seus refúgios (o quarto, a janela para o prédio em frente, que reflete a luz do relâmpago e a piscina na varanda). O mundo exterior parece muito, muito distante, e se resume ao plano dentro do ônibus e a seqüência no supermercado (sem nenhum diálogo e quase toda desfocada propositadamente). Neste momento, a mulher que contempla um interlúdio no seu trabalho cotidiano é a funcionária que trabalha como caixa do supermercado, aparentemente uma personagem da vida real, filmada a uma certa distância, como se aquele plano (documental?) sublinhasse o longo tempo reflexivo das protagonistas. (Chico Serra) 

Diretor: Affonso Uchoa
Minas Gerais/2010

Dia 03 (domingo) - 14 horas

Curta:

Depois da Pele - 13 min
A intimidade é desnudada em diálogos pós sexo

Diretor: Márcio Reolon e Samuel Telles
Rio Grande do Sul/2010


El Chivo a Baco - 20 min
Gabriela Vivas é uma transexual equatoriana que se dedica 46 anos a prostituição. Atualmente vive em Barcelona e passa por uma crise emocional que a impulsa a buscar uma mudança em sua vida. El chivo a Baco mostra que o sacrifício de muitas pessoas para seguir seu caminho é a solidão. 

Diretor: Gui Castor 
Espírito Santo/2009


 Izamara - 9 min
Quando ele teve certeza que ela havia partido...

Diretor: Diogo Hayashi
São Paulo/2009


Corpo Delito - 13min
Através de uma conversa telefônica e de uma imagem captada por uma janela; violência, trauma e fascínio se encontram em um jogo de sensorialidades distintas, porém partes de um mesmo imaginário.

Diretor: Arthur Vicentini Tuoto 
São Paulo/2010

Longa:

Estado de Sítio - 91 min
 Em 2010, um OVNI tomou de assalto o circuito dos festivais brasileiros, ganhando uma inesperada recepção: o cearense Estrada Para Ythaca. Esse filme apontou para a viabilidade de um novo processo de produção: um filme de ficção realizado de forma coletiva por quatro autores, organizando-se em todas as funções de realização, sem hierarquia previamente definida, feito “na raça”, sem nenhum recurso público. Para além desse modo de produção, Ythaca acabou sendo visto sobretudo como uma espécie de um manifesto de uma geração, uma terna odisséia em culto à amizade, em ver o cinema essencialmente como vocação, e não como profissão. Esse espírito parece ter contagiado um grupo de autoes curiosos de Belo Horizonte, que já vinham percorrendo os festivais no Brasil primeiro como críticos, escrevendo para o site da Filmes Polvo, e depois como realizadores, fazendo curtas inventivos, com grana própria. De um lado, Estado de Sítio dá continuidade a um caminho desse grupo (em torno da crítica da Filmes Polvo, e de duas produtoras informais, a Filmes de Plástico e a Sorvete Filmes). De outro, pode ser entendido como uma espécie de busca por novos rumos do cinema mineiro, contrapondo-se ao cinema de grande rigor visual e de refinamento plástico, sintetizado nos filmes da Teia. Em geral, são filmes radicais, descontínuos, ingênuos, com uma ironia cáustica, um certo escrache. Todos esses elementos estão nesse primeiro longa de oito diretores. É como se enquanto Ythaca é um road movie pelo interior do Ceará na busca dos rastros de um amigo morto, Estado de Sítio na verdade fosse um road movie dentro de uma colônia de férias em busca de nada mais que um passatempo. A ingenuidade e a superficialidade desse encontro expressam, de forma bastante clara, a beleza e as limitações do processo desse grupo. É como se Estado de Sítio avançasse por um flanco que Ythaca abriu mas que o filme posterior do coletivo cearense, Os Monstros, mostrou que na verdade não era exatamente esse. De qualquer modo, o encanto de Estado de Sítio é a possibilidade de estar juntos: um filme sobre a leveza da aventura de con-viver. Além disso, Estado de Sítio é um filme de juventude: não só sobre jovens mas essencialmente uma forma jovem de encenar. Esse tom inconsequente e debochado é no entanto retratado através de uma mise-en-scène sóbria, com planos longos, vários deles com uma câmera parada que explora a profundidade de campo, mostrando a movimentação dos diversos atores-autores ao longo do quadro como se fosse um imenso tableaux. Refinamento de uma encenação que aponta pouco para si mas que deixa transbordar esse esfuziante sentimento de uma alegria pouco presente no cinema contemporâneo brasileiro. Elegância no meio da fuleragem. (Marcelo Ikeda) 

Diretor: André Novais Oliveira,Gabriel Martins,Flávio C. von Sperling,João Toledo,Leonardo Amaral,Leo Pyrata,Maurílio Martins,Samuel Marotta.
Minas Gerais/2010